Prova de Filosofia - UEL (2011)


FILOSOFIA
1
Leia o texto a seguir.
Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda sua indústria em
enganar-me sempre. Não há, pois, dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me
engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que,
após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir
e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que
a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
(DESCARTES, René. Meditações. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.100 - Coleção Os
Pensadores.)
A partir do texto e dos conhecimentos acerca de Descartes:
a) Apresente o propósito e os graus da dúvida metódica.
b) Demonstre como Descartes descobre que o pensamento é a verdade primeira.

2
Leia o texto a seguir.
Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência
única, no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e somente nela, que se desdobra a história
da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu, com a passagem do tempo,
em sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela ingressou. Os vestígios das primeiras
só podem ser investigados por análises químicas ou físicas, irrealizáveis na reprodução; os vestígios das
segundas são o objeto de uma tradição, cuja reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o
original.
(BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas, Vol. 1: magia e técnica, arte e política:
ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.167.)
Com base no texto e nos conhecimentos acerca de Walter Benjamin, explique por que as técnicas de reprodução
provocam a destruição das condições de autenticidade da obra de arte.

3
Leia os textos a seguir.
A única maneira de instituir um tal poder comum é conferir toda sua força e poder a um homem ou a uma
assembléia de homens. É como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito de
governar-me a mim mesmo a este homem, ou a esta assembléia de homens, com a condição de transferires
a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso, à multidão assim unida
numa só pessoa se chama Estado.
(Adaptado de: HOBBES, T. Leviatã. Trad. de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p.109.
Coleção Os Pensadores.)
O ponto de partida e a verdadeira constituição de qualquer sociedade política não é nada mais que o consentimento de um número qualquer de homens livres, cuja maioria é capaz de se unir e se incorporar em uma tal
sociedade. Esta é a única origem possível de todos os governos legais do mundo.
(Adaptado de: LOCKE, J. Segundo tratado do governo civil: ensaio sobre a origem, os limites e os fins verdadeiros do governo civil. Trad.
de Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994. p.141. Coleção Os Pensadores.)
A partir da análise dos textos e dos conhecimentos sobre o jusnaturalismo e contratualismo no que se refere à
instituição do Estado, explique as diferenças entre o contrato proposto por Hobbes e o proposto por Locke.

4
Leia os textos a seguir.
Projeto de lei quer tornar ‘busca pela felicidade’ uma obrigação do Estado.
(Disponível em: .
Notícia de 23 ago. 2010. Acesso em: 3 jul. 2011.)
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançou ontem um índice de “vida
melhor” para medir a felicidade dos países, que vai bem além das cifras do Produto Interno Bruto (PIB).
(Disponível em:
/2011/05/25/ocde-cria-indice-de-felicidade-nacional>. Notícia de 25 maio 2011. Acesso em: 3 jul. 2011.)
A felicidade, mais do que qualquer outro bem, é tida como o bem supremo, pois a escolhemos por si mesma
e nunca por causa de algo mais. Por sua vez, a honra, o prazer e a razão, embora os escolhamos por si
mesmos (pois os escolheríamos, ainda que nada resultasse deles) escolhemo-los por causa da felicidade,
pensando que a posse deles nos tornará felizes. Ao contrário, ninguém escolhe a felicidade tendo em vista
algum destes, tampouco, de um modo geral, qualquer outra coisa que não seja ela própria. Se a felicidade
é a atividade conforme à virtude, será razoável que ela esteja em conformidade com a mais alta de todas as
virtudes, a qual se refere à melhor parte de cada um de nós. Não só é a razão a melhor coisa que existe em
nós, como também os objetos da razão são os melhores entre os objetos passíveis de ser conhecidos. É a
mais contínua, já que a contemplação da verdade pode ter uma continuidade maior que a de qualquer outra
atividade que possamos exercer.
(Adaptado de: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991.
p.15; 188. Coleção Os Pensadores.)
Pelas notícias acima, percebe-se que o tema felicidade está em voga. Para a filosofia, esse tema se impôs ainda
na antiguidade clássica. Para Aristóteles, é insuficiente dizer que a felicidade – eudaimonia – é o maior bem
para os seres humanos, pois há variações acerca do que cada um identifica por felicidade. Por essa razão, o
filósofo afirma que é preciso compreender que tipo de vida ou bem viver está subjacente à felicidade.
A partir dos conhecimentos sobre o tema felicidade em Aristóteles, explique em que cada um dos três tipos
principais de vida (honra, prazer, razão) se aproxima ou se afasta da felicidade.

As respostas comentadas pela própria instituição estão disponíveis no link abaixo:

Comentários

  1. Pessoal percebam que muitos conteúdos foram vistos no decorrer do ensino médio, rené descartes e o cogito no segundo ano, aristóteles no primeiro ano,thomas hobbes no primeiro e terceiros anos, etc.Percebam como nossos conteúdos estão presentes em um dos mais importantes vestibulares do país.Vamos lá, vcs são capazes!Acredito em vcs, bons estudos!E contem sempre comigo.

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